Posted by : RodrigoPatoDonald sexta-feira, setembro 11, 2015

ENTREVISTA E PALESTRA COM EDUARDO MIRANDA E SERGIO PEIXOTO NO ANIMESTAR EM 06/09/15



Hoje foi um dia mágico. Participei do evento AnimeStar, realizado no Clube dos Sargentos em Cascadura, Rio de Janeiro. Eu praticamente não saí de dois lugares. Um foi o estande de Tokusatsus no qual ajudei junto com os parceiros Breno Vitola, Igor Rangel e Vinícius Iggy, membros e grandes amigos, responsáveis pela página Super Hero Time e organizadores do toku-encontro que sempre realizamos na cidade do Rio de Janeiro bimestralmente. O segundo lugar foi a palestra que tive o prazer de assistir e interagir com Eduardo Miranda e Sergio Peixoto, nos quais responderam algumas perguntas que esse Pato maluco e retardado fez para eles nos bastidores e na hora da palestra. Vou lhes contar algumas coisas depois sobre quem são esses dois mestres que vocês vão ficar babando, embora, acredito eu, fãs de Tokusatsus e de Animes Japoneses, em sua grande maioria, saibam quem são esses dois imperadores da cultura nipônica no Brasil. :D




Mas, o que quero deixar claro aqui foi o fato do estande de Tokusatsu do Super Hero Time, com uma exposição de produtos variados de diversas épocas e formatos, ter uma movimentação agradável. Pessoas de gerações diversas vieram até nós para saber mais e mais sobre os Tokusatsus japoneses. Os mais jovens vieram até nós perguntando para seus pais: “Olha pai! Os robôs dos Power Rangers!”. Alguns pais tiveram a paciência necessária e eficiente de explicar para os pequenos que esses não são Power Ranger, mas a versão original japonesa. Para os maiores, coube a minha pessoa explicar o que são tokusatsus japoneses, embora o conceito deles, de chamar Power Ranger de “tokusatsus”, NÃO esteja errado. Afinal, querendo ou não, Power Rangers SÃO tokusatsus, mas a versão americana. Tivemos MUITA gente tirando fotos de nossas “ostentações” e fazendo mais e mais perguntas sobre nossas amadas séries. Uma coisa que fiz questão de guardar com maior carinho foi quando um jovem toku-fã, de nome Diego Ramos, de Bangu, RJ, veio até nós MARAVILHADO com nossas coleções. Incrível como uma pessoa tão jovem, com apenas 15 anos, seja de uma mentalidade tão madura e tão modesta, com um conhecimento invejável, dando um banho em MUITO marmanjo que se diz fã de tokusatsu de 30 anos pra cima. Diego, um recado do Pato para ti. Seja bem vindo ao Super Hero Time e ao time dos “zoeros” de plantão. Tu tens MUITO talento para opinar, tem senso crítico e opinião forte e objetiva e o melhor de tudo, tem conhecimento e fala dos tokus com causa e razão, não de forma subjetiva e emotiva. Tu tens talento e acredito que jornalismo seja a sua melhor opção. Vou te “lapidar” para que, quem sabe, tu sejas um nome respeitado no meio?



Agora, um dos momentos mágicos do evento foi a palestra que esses exímios e experientes profissionais da área Geek-Nerd-Otaku fizeram para um modesto e fiel público, principalmente composta por veteranos. Eduardo foi dono de uma simpatia invejável e dono de um carinho compreensível para com o público. Peixoto estava animado e distribuiu uma alegria incrível que contagiou o público consumidor de tokusatsus e animes da Manchete. E sim... vale salientar que o tema principal da palestra foi como era a produção e o consumo de programação infantil da emissora, PRINCIPALMENTE Saint Seya, mas, tivemos espaço para tokus, Yu Yu Hakusho, Sailor Moon (que, na MINHA opinião, foi um dos melhores momentos da palestra, com uma história interessante), Angélica, Clube da Criança e fechamento da Manchete. Fiquei sabendo dos bastidores e de alguns detalhes. E o mais legal de tudo, Eduardo Miranda, no auge de sua simpatia, me confirmou uma história interessante que o jornalista Elmo Franckfort, colega pessoal meu, me tinha contado faz uns 4 anos atrás, mas que o Eduardo Miranda me confirmou (tanto nos bastidores e eu fiz ele confirmar na palestra, para desespero dele e do povo... HAHHAHAHAHAH).



Eu vou ser honesto. Conversar pessoalmente com esses dois mitos me fez sentir uma sensação de nostalgia e de vitória. A palestra deles me ajudou e MUITO a ter tópicos para o meu futuro livro que está em andamento. Eles ajudaram a esclarecer algumas coisas, desmentiu outras, confirmaram outras, contaram histórias fantásticas e pessoais envolvendo as produções japonesas. Mas tá, Pato chato e ranzinza, o que eles falaram na palestra e na sua conversa individual com eles? Você está enrolando muito para contar as novidades. Tá bom... esse Pato maluco vai citar alguns momentos da palestra com os grandes Peixoto e Miranda. Vamos lá?



Só para deixar salientado, eu perdi 4 minutos iniciais da palestra, pois eu estava almoçando. Afinal, o Pato é um ser vivo qualquer que precisa se alimentar de sua ração de vez em quando. Mas, já tive uma conversa nos bastidores com o Miranda e o Peixoto sobre planos e fui muito bem recebido por eles. Quando eu peguei a palestra, Miranda estava falando sobre a chegada de Saint Seya no Brasil. “Cavaleiros foi uma proposta inovadora. No começo, não levei fé. Mas, só foi eu ver os dois primeiros episódios para ver que o desenho falava de amizade, companheirismo e superação. Com certeza resolvemos arriscar”, nos conta Miranda.  Mas, nem tudo foi as mil maravilhas. “A tv não estava acostumada a mostrar desenhos com sangue. Tivemos que fazer umas edições para ficarem de acordo com as regras de classificação. Por exemplo, vocês sabiam que a cena em que o Seya decepava a orelha do Cassius no primeiro episódio foi totalmente editada para que o sangue não aparecesse na tela?”, nos conta Miranda. Sobre o sucesso instantâneo de Cavaleiros do Zodíaco, Miranda ainda nos fala: “Foi incrível! O desenho dava em média 15 pontos de audiência, o que era, para a época, algo MUITO grande!”. Aí, o Peixoto faz um cálculo rápido e diz: “Isso, na época era em torno de 2,2 milhões de televisões na Grande São Paulo ligadas na Manchete”. Por que Cavaleiros do Zodíaco foi esse estouro de sucesso? Claro que o Peixoto foi sensato e nos responde: “O público infanto-juvenil estava carente de grandes produções com altas doses de aventuras. Quando Cavaleiros estreou, o público infanto-juvenil estava carente de desenhos para ele. O último anime para essa faixa etária foi Zillion, em 1989. O único anime que tinha na TV era o Doraemon, no Clube da Criança, mas, ele era infantil, não satisfazia o público de mais idade. Afinal, quando eles tinham 10 em 1989, eles teriam 15 em 1994. Eles precisavam de algo para eles”. Foi por isso que o povo foi pego de surpresa. Miranda veio nos contar que “os pais ligavam para ele para saber o que estava acontecendo com Cavaleiros. O público mandava cartas para saber sobre a continuação. Vocês se lembram de quando Cavaleiros empacavam na casa de Leão? Então, não tínhamos como exibir, porque as outras fases não estavam dubladas. Foi uma pressão muito grande na minha cabeça e na cabeça do Gilberto Barolli, diretor-geral da Gota Mágica”. E vale salientar que os fãs não eram tão pacientes, segundo eles: “Lembro que, quando tivemos que tirar Cavaleiros do ar, muitos pais ligavam para tirar satisfação com a gente. Eu recebia muitas cartas de fãs me ameaçando me pegar na saída do trabalho, outras desejando a minha morte sendo atropelado numa esquina. Enfim, tive que enfrentar a fúria dos fãs.” Sergio Peixoto também não foi poupado da fúria dos fãs: “Me lembro que, um dia, estava na minha sala quando eu ouvi um grito vindo da sala da secretária da Magnun. Fui ver e ela estava pálida na parede, apontando para uma carta em cima da mesa e ela gritava: ‘isso é coisa tua’. Fui ver, uma carta com três baratas mortas e coladas com fitas adesivas com os dizeres: ‘Você, Zé Roberto e Márcia. Não é um barato?’, tudo porque não dávamos primazia para Cavaleiros em nossos gostos e dávamos nossa opinião, pois achávamos que Cavaleiros era uma farofa de anime shonen, e não o supra-sumo dos animes”.



Uma coisa que o Sergio Peixoto deixou bem claro era que ele sempre se reunia com amigos em exibições numa sala para assistirem as principais novidades do mundo da animação japonesa. Sua popularidade cresceu. Ele lançou algumas revistas até a Editora Magnun o ter convidado para lançar uma revista que fugisse fora dos padrões das revistas da Época. E assim surgiu a Animax. Foram 50 edições que só terminou porque um dos sócios majoritários da Magnun se aposentou e o outro sócio, movido pela avareza pessoal, não quis pagar os honorários aos editores. Um dos focos da Animax estava no fato de sair um pouco do nicho de Cavaleiros do Zodíaco e fazer com que os fãs de Cavaleiros descobrissem outras animações que fossem do seu agrado e vissem que a história da animação japonesa era muito mais que os episódios de Cavaleiros do Zodíaco. E foi com essa proposta que Eduardo Miranda se propôs a falar das novas aquisições da Manchete na época: Super Campeões, Sailor Moon, Yu Yu Hakusho, Samurai Warriors e Shurato. Sendo que, desses, apenas os animes “shonen” foram bem sucedidos. Agora vem a parte mais interessante da palestra (na opinião do Pato, claro!): A história de Sailor Moon na Manchete. Segundo o Eduardo, “Sailor Moon foi uma das minhas apostas. Estava jogando todas as minhas fichas na série. Mas uma coisa que devemos entender é que fã NÃO dá audiência. Enquanto Cavaleiros, Samurai Warriors e Shurato davam em média entre 10 e 15 pontos de ibope, Sailor Moon não passava dos 3 pontos. E isso deu uma grande dor de cabeça. Tivemos que cancelar a exibição da série. Mas muitos fãs por causa disso, chiaram e me ameaçaram. Aliás, eu conheci o Peixoto assim: Estávamos num evento e o Peixoto me pediu para me esconder numa sala, visto que tinha uma turba querendo me pegar por eu ter cancelado Sailor Moon. Só saí dessa sala depois do evento ter acabado e ter a garantia que não tinha ninguém para me bater.”



Já falamos muitos de animes. Agora, vem uma parte que foi passada discretamente, mas, que quero mencionar, que são os nossos amados tokusatsus japoneses. Peixoto foi honesto em dizer que não tinha entendimento profundo de tokusatsu como tinha dos animes. Então coube ao Eduardo Miranda dar o parecer. Eduardo foi muito simpático e conversou comigo nos bastidores e fiz questão de repetir a mesma pergunta dos bastidores no palco, para que o público pudesse saber. Uma coisa que eu achei bacana da parte do Miranda foi pelo fato de ele ter me confirmado algo dos bastidores da Manchete que o jornalista e colega de trabalho Elmo Franckfort já tinha me confirmado faz 4 anos. Olhem só: “Eu tomei a dianteira da programação infantil da Manchete a partir de 1991. Ou seja, eu fui a segunda gestão. Fui eu que trouxe Cybercops, Solbrain, Winspector, Patrine, Kamen Rider Black, Kamen Rider Black RX e Spielvan pra Manchete. Tudo foi bem planejado para agradar todos os gostos. A Manchete tinha programação infantil de qualidade. Tínhamos o Dudalegria, Cometa Alegria e o Clube. Se os tokusatsus fizeram sucesso, foi graças ao casamento perfeito entre seriados e apresentadoras e seus programas. A prova disso foi o sucesso do Clube da Criança com a Angélica, que ajudou e MUITO a impulsionar os tokusatsus na Manchete, dos quais, dependeram primariamente da apresentadora e do seu programa. A Manchete foi bem sucedida com esse material graças a qualidade com que se empenhava para agradar o público infantil. Todos  saíram ganhando. Manchete, público e funcionários.”




Depois da palestra, Eduardo Miranda, Sergio Peixoto e eu, esse Pato retardado, fomos conversar e tirar fotos. Peixoto ficou feliz em rever o mangá Samurai Spirits que eu adquiri dele em 2003 em Londrina – PR. Tiramos fotos e brincamos muito. O Eduardo riu comigo e fez umas piadas com relação a minha “devoção” a loura Angélica, no qual ele ficou sabendo quando visitou o estande onde eu estava após a palestra. Ele disse que era para eu citar a Angélica sempre, pois ela era importante para a história dos tokusatsus. Aí, na frente dos meus amigos de estande, eu chego nele e falo: “Miranda... eu NECESSITO ouvir o nome ‘Angélica’ da sua boca!”. Ele riu e falou para meus amigos de estandes o seguinte: “Vou matar ele agora. Querem ver?”. E eles: “SIM!”. E o Miranda começou a sussurrar com aquela voz aveludada: “Angélica...” (e eu: aquela carinha)... “Angélica...”... “Luciano Huck” (minha cara murcha)... “ANGÉLICA”... (volto a sorrir).... e no final, rimos a beça.




Foi um domingo agradável. Deu para nos divertirmos e brincarmos bastante. Conheci muitas pessoas e o mais legal: o público reagiu bem ao estande de tokusatsu. Espero ter outros momentos como esse, para divulgarmos mais e mais tokus. E tem mais, o Eduardo Miranda disse que vai me dar uma entrevista exclusiva sobre a importância dos tokus e da programaçlão infantil da Manchete. Aguardem.  :D

{ 3 comentários... leia abaixo, ou comente }

  1. Esse momento foi mágico, infelizmente não cheguei a assistir a TV Manchete, não por ser novo, mas por não pegar onde eu morava :( esquecendo isso, me admiro ao ver que o público continua procurando um pouco sobre os tokus e inclusive o mais novos, o que me alegra e muito, obrigado por divulgar as informações do evento amigo pato.

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  2. Fico feliz em ler isso, eu sou geração manchete (não sou viúva mas curto animes 80) e quero ler uma entrevista caprichada!

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  3. Tem um documentário (compridinho, e em mais de uma parte) dos dois no YouTube em que falam sobre o Boom que foi os Cavaleiros aqui no Brasil. Vale MUITO a pena conferir.

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