Posted by : RodrigoPatoDonald terça-feira, agosto 26, 2014

Shogun Mayeda - Um conto de samurais para o público adulto.


O termo Tokusatsu, com uma tradução literal, quer dizer apenas "produções com efeitos especiais". Nada mais que isso. Para os JAPONESES, QUALQUER produção de QUALQUER país que use de efeitos especiais, é um tokusatsu. Assim sendo, querendo ou não, filmes como Thor, Batman, Alien, Predador entre outros são Tokusatsus. Afinal, eles usam e abusam de efeitos especiais. E para ser um "tokusatsu", não precisa passar a imagem de "heróis-futuristas". Para a etimologia e o conceito japonês do que é ser tokusatsus, filmes como Os Pássaros, Cocoon e ET também o são. Até mesmo os "famigerados" Power Rangers, por mais que fãs mais afoitos e puristas o reclamem, também são tokusatsus. Mas, nós, brasileiros, com o nosso jeitinho brasileiro de ser, acabamos deturpando o real significado da expressão "tokusatsu". Para a cabeça de 98% dos fãs de tokusatsus do Brasil, a expressão quer dizer só isso: "séries de super-heróis JAPONESAS que tenham efeitos especiais e que tenham franquias consagradas". Ou seja, para a mentalidade dos que se dizem fãs de tokus no Brasil, somente as séries das franquias Kamen Riders, Super Sentais, Metal Heroes e Família Ultra possam ser chamados de Tokus. Mas não é bem por aí. O que é tokusatsu mesmo não é o modo como os brasileiros encaram que vale. Mas o ponto de vista dos japoneses. Afinal, a expressão tokusatsu veio de lá. Quem melhor do que eles para dizer o que é realmente um tokusatsu? Não existe.
Mas, onde quero chegar? Bem, num longa de toku que foi exibido exaustivamente nas madrugadas do SBT nos anos 90 sobre samurais. Estou falando de Shogun Mayeda. Esse longa usa e abusa de efeitos especiais simples, mas convincentes. Com direção de arte primorosa e um elenco internacional privilegiado. As cenas de lutas não são instigantes e mirabolantes como vemos nos tokus tradicionais o qual estamos acostumados. O longa foi feito em co-produção com a Espanha. Teve locações internacionais, como Marrocos, Nigéria e Espanha. E isso dá um ar de mega-produção Hollywoodiana para o longa.
O responsável por isso talvez seja o consagrado ator e diretor japonês Sho Kosugi, Um dos profissionais mais respeitados do seu país de origem. Ele (que atualmente mora nos EUA desde o final dos anos 70), fez uma obra de arte que é um deleite para os olhos. Ele investiu boa parte da sua (enorme) fortuna na produção desse longa e atuou nele. Na época de produção de Shogun Mayeda, ele já era cinquentão. Esse filme conta com a participação de nomes consagrados do cinema mundial, como Christopher Lee e Toshiro Mifune que, por si só, dispensa apresentações. O filme serviu também para apresentar para os japoneses, seu filho Kane Kosugi, que é filho dele com uma americana. O rapaz, que na época tinha 16 anos, revesava entre o idioma natal do pai e o idioma da mãe. Por isso, o filme, mesmo nas cenas no Japão Feudal, o menino falava em inglês. As falas japonesas só entraram com a participação de Toshiro Mifune. Só para salientar, anos mais tardes, Sho Kosugi patrocinou a produção de Kakurangers se botassem seu filho no elenco. Por isso que vimos em Kakuranger, o personagem de Kane alternando entre inglês e japonês nas suas falas. Apesar de ele ser nikkey (descendente de japoneses fora do Japão), ele é cidadão americano.
A história é simples. O Shogun Tokugawa que estava no meio de uma gerra civil tentando unificar o Japão, resolve introduzir armas de fogo. Para isso, manda o seu filho Yoshimune para a Espanha junto com mercadores espanhóis para adquirir armas de fogo por intermédio do Imperador da Espanha. Para não deixar seu filho a mercê do mundo, Tokugawa manda seu guarda-costas principal para protegê-lo durante a viagem, no qual eles se deparam com vários inimigos. O que vemos é uma série de lutas entre samurais, cavaleiros, missionários, piratas entre outros tipos de combatentes daquela época.
Shogun Mayeda foi lançado em VHS e exibido nas madrugadas do SBT nos anos 90 sob o nome de "Jornada de Honra". Para a alegria, o filme foi exibido legendado. Apesar de ser um toku (pois repito, ele usa de efeitos especiais, mesmo que sejam simples), ele foi feito para o público adulto. Ou seja, o humor nesse longa é ralo e cru. Existe uma dose (bem de leve) de erotismo nesse longa. Vale a pena pela direção de arte e pela trilha sonora fantástica. Um filme feito por adultos para adultos. Sem interesse de explorar o lado comercial do mesmo. Dizem as mais línguas que esse longa inspirou a produção do game Samurai Spirits. Mas, como falei, são boatos e não posso afirmar que sejam reais. Mas a temática (guerreiros do Japão Feudal que viajam pelo mundo para combater) é a mesma do game. Fora isso, o longa é mais do que recomendado para quem gosta de um toku simples, com uma história madura e cativante.

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