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- DEFINITIVAMENTE: QUEM é o público alvo dos tokusatsus??
Posted by : RodrigoPatoDonald
sábado, outubro 01, 2016
Olhem bem esses dois rostos.
Olharam? Que bom!
Agora, vamos no concentrar no
rostinho da esquerda. O que a imagem dele representa para vocês? Bem... quando
esse rosto do lado esquerdo é mostrado na toku-net, os comentários para cima
dele são, em sua vasta maioria assim: “Isto que é exemplo de herói”, “melhor
red que existe”, “isso que é herói macho”, “não tem pra ninguém” e variantes
dessas frases.
Agora, vamos nos concentrar no
rostinho da direita. Bem... ele é diferente do rosto da esquerda. A imagem que
ele representa para MUITOS na toku-net brasileira é (pelo que eu acompanhei na
época do lançamento da série): “Emo viadinho”, “Bicha!”, “Não tem porte de
homem macho”, “herói para menininhas e gays”, “jamais será igual ao meu herói”
e variantes dessas frases.
Acho que está havendo um
equívoco aqui. Acho que está na hora de explanarmos um assunto pra lá de
pertinente para evitarmos esses equívocos. Que assunto é esse? Que tal
analisarmos essa questão: “Afinal de contas, QUEM é o público alvo dos tokus?”.
Vamos descobrir juntos!!
Mas vou começar direto na
resposta. Os Tokus NÃO são para crianças. E também NÃO são para adultos. O que
precisamos entender é: EXISTEM tokus para crianças e EXISTEM tokus para adultos.
PONTO! Pára aí! Agora, vamos explanar a linha de raciocínio. Vamos falar nas
produções que são tão questionadas pelo povo: as do “Toeiverso” (Riders e
Sentais) e da Tsurubaya (Ultras). Muitas críticas para as produções atuais
dessas produtoras são geralmente as mesmas que vimos no decorrer dos anos: “Ai,
no meu tempo não era assim”, “hoje estão muito coloridos e cheios de efeitos
especiais, parecendo que é feito para vender brinquedinhos”, “os heróis estão
afeminados demais e são feitos para menininhas de sete anos”, “as histórias
estão muito infantis, no meu tempo eram para adultos”. Vamos refutar cada uma
dessas críticas juntos? Vamos!!
“Ai, no meu tempo não era
assim”.
Claro que no seu tempo não era
assim! Os tempos são outros. Como dizia a música “Marcas da Paixão”, do Gian e
Giovani (Ah, um sertanejo de vez em quando vai bem... sejamos francos... XD):
“Vai-se a luva e fica os dedos, vai-se o ouro e vem o anel... passa a Lua,
passa as estrelas, passa o dia e fica o céu”.... conseguem entender a
profundidade desses versos? Geração vai e outra fica. É claro que a forma de se
fazer tokus de hoje é BEM diferente das de anos atrás porque o público alvo
dessas três franquias analisadas (Rider, Sentai e Ultra) são crianças JAPONESAS
(atentem-se para o adjetivo patriótico JAPONESAS). Vale salientar que as
crianças japonesas dos anos 2010 são BEM diferentes das crianças japonesas de
2000, 1990, 1980, 1970, 1960 e 1950. Então, é por isso que as produções de
vossos tempos serem diferentes das de hoje. Capicce?
“Hoje estão muito coloridos e
cheios de efeitos especiais, parecendo que é feito para vender brinquedinhos”.
Ai... essa frase.... vamos
lá... vale lembrar que a tecnologia de hoje é BEM diferente de 10, 20, 30, 40,
50 e 60 anos atrás. A forma de se trabalhar com “efeitos especiais” é outra.
Antigamente (que se faziam tokus em preto e branco), a tecnologia era limitada.
As crianças se conformavam com aquela fotografia escura e sem vida nas telas do
cinema e da TV. Com a chegada da TV colorida nos anos 70, houve toda uma
preocupação com as cores e a tecnologia dos efeitos especiais era usada para
adaptar a nova fotografia colorida. A medida que as décadas foram avançando,
mais colorida a fotografia das produções ficavam (salvos alguns kaiju eiga e
nippo heroes). E hoje, a tecnologia está mais colorida por causa do consumo.
Aí, vamos entrar na terceira parte da frase: o consumo. Sim, meus caros
colegas! Antes de serem “obras de arte de entretenimento”, tokus são máquinas
caça-níqueis. QUALQUER produção no mundo da indústria do entretenimento (filme,
novela, quadrinho, série, desenho animado, música, livro e etc) são, antes de
mais nada, uma vitrine para anunciantes venderem seus produtos. Ou vocês acham
que a Globo faz novelas SÓ para entreter você após um dia estressante de
trabalho? Claro que não! Elas chamam anunciantes para mostrar produtos para
você comprar. E com os tokus NÃO são diferentes. A Bandai (patrocinadora
oficial da Toei para tokus e animes), dita MUITA regra de como essas produções
devem ser feitas. Se a série não vende, ela é descartada. Vide o “famigerado”
Metalder no Japão, que foi cancelada faltando 15 episódios aproximadamente
porque não estava dando lucro. E hoje a Bandai e a Toei sabem que as crianças
de hoje são mais consumistas e abertas a novas tecnologias do que as do
passado. Nos anos 50, um guri de 7 anos se contentava com um pião e um
bilboquê. Nos anos 80, um guri de 8 anos não queria esses brinquedos da geração
dos anos 50. Eles já queriam um Atari e um Jogo da Vida da Estrela. Nos anos
2010, um guri de 8 anos não querem saber de Atari ou um Jogo da Vida. Já nascem
grudados num tablet ou num celular. As três gerações estão erradas? Não! E
sabendo que as gerações são outras, é claro que a Bandai vai querer vender mais
e mais produtos e quer usar essas séries para vender mais e mais bonequinhos. Então,
contentem-se! Vão me dizer que, quando vocês eram guris, vocês assistiam
Changeman pelo prazer e não queriam as máscaras e apontadores que foram
lançados em 1988 junto com outros produtos? :3
“Os heróis estão afeminados
demais e são feitos para menininhas de sete anos”.
Esse é um assunto meio
polêmico. Mas, que precisa ser trabalhado. Pessoa que costuma usar essa frase
para questionar o conteúdo das produções atuais não está demonstrando opinião,
mas sim, uma crença baseada no preconceito sobre como as coisas estão
caminhando. E tem mais: pessoas que usam esse “argumento” para criticar estão,
na verdade, RESTRINGINDO o público-alvo
para “homens-adultos-héteros-brasileiros”. Essa gente esquece que existem gays,
lésbicas, transexuais, mulheres e crianças que assistem e consomem tokus. Ter
atores jovens e bonitos não significa que estejam "afeminando" os
heróis. MUITO pelo contrário. Estão ajudando a perpetuar os gêneros de tokus,
seguindo a tendência da juventude. No passado, os heróis tinham uma figura mais
velha porque as séries precisavam mostrar que a figura dos mais velhos (no
caso, os pais das crianças), seriam os heróis. Hoje em dia, ao deixar os heróis
mais franzinos e mais jovens, a tendência é mostrar para essa juventude que
eles também podem ser heróis. E sem falar que, “rosto bonito ajuda a chamar
público”. Entendem? E tem mais: a androgínia é sinal de masculinidade e virilidade no Japão moderno. Mulheres correm atrás de homens andróginos e, por causa disso, o investimento das empresas em jovens de aspectos andróginos. Por mais que AQUI no Brasil isso seja uma prática "inaceitável" para um herói, lá faz parte da cultura moderna japonesa. Não tem como condenar algo que NÃO faz parte da nossa cultura. E um herói não precisa fazer pose de “machão” o tempo todo
e a heroína “não tem que ser a gostosona” o tempo todo. ATITUDES é que mostram
o que é ser herói, e NÃO a aparência. PARA MIM (atentem-se para o grifo), ser
herói é errar bastante, aprender com seus erros, superar seus erros e acertar
para salvar alguém ou o mundo. Heróis certinhos e egocêntricos nessas produções
me irritam e não passa NENHUM valor pra mim. E nisso, os heróis atuais ganham e
MUITO dos heróis “certinhos” do passado, pois eles cometem MUITAS falhas (Deka
Red é um claro exemplo disso) e aprendem com seus erros, se tornando mais
populares que os heróis do passado para a Toei. Então, sem essa frase
pejorativa de que “são feito para gays e menininhas” por causa dos visuais,
pois isso NÃO é opinar, mas sim, ser preconceituoso e egoísta. OK?? J
“As histórias estão muito
infantis, no meu tempo eram para adultos”.
Bem... vamos encerrar o
assunto logo! Sei que muitos não gostam de ler, debater, opinar e sugerir,
então, lá vamos nós. A pergunta é: se as histórias de hoje são infantis, pra
que reclamar? Afinal, são séries para crianças! E tem mais! Crianças JAPONESAS!
O fato de ALGUMAS séries do teu tempo de juventude terem seus momentos sérios,
NADA impede das de hoje terem seus momentos sérios. Vai me dizer que vocês
acham que Changeman era SÓ “aura energética” o tempo todo? Que nada... de vez
em quando, nos deparamos com episódios com bonequinhos de pelúcia dirigindo
carros, Oozora cantando Atirei o Pau No Gato, um conto de A Bela e a Fera em
busca da Borboleta Dourada e uma reedição do clássico João e Maria e a Casa de
Doces. ToQger, por exemplo, teve seus momentos de infantilidade (como chocar um
pintinho numa peruca da época da Revolução Francesa, a batalha nos banhos
públicos e entre outros momentos), mas, e os momentos de tensão, como o romance
proibido entre Grita e General Shcwaz? E o dilema do Imperador Z entre a Luz e
a Escuridão? E a decisão que Right teve que tomar para salvar a equipe? Agora,
eu faço umas perguntas: qual a necessidade de questionar a qualidade das séries
de uma geração para a outra? Ao invés de querer empurrar o que vós assistíeis
para a geração atual, não é MUITO mais bonito incentivar essa geração a
descobrir seus heróis com novas séries?? Porque as gerações atuais tem que
engolir os nossos gostos na marra?? Peço perdão pela minha ousadia e que não se
irritem com o que eu vou falar, mas, eu acho egoísmo dessa geração mais velha
(a nossa) querer cobrar a postura, os efeitos especiais, a forma de roteiro das
produções do nosso tempo para as produções atuais, fazendo com que nossos
gostos prevalecessem, sem importar o que outra geração que veio querem ver. Vou
te dar um exemplo. Aposto que vossos pais assistam National Kid, Ultraman,
Príncipe Dinossauro e etc. Aposto que, quando tu assistias Jaspion, Changeman,
Flashman, Shaider e etc, teu pai não desligava a TV e botava tu para veres os
heróis da geração dele (e digo mais: a MAIORIA dos que eu entrevistei para o
livro que falaram que viram tokus dos anos 50 torceram o nariz para essas
produções, devido a tecnologia fraca). Sabem por quê? Porque seus pais queriam
que VOCÊS descobrissem seus heróis, suas imaginações, suas séries favoritas.
Sendo assim, encerro esse
artigo na esperança de que muitos engulam o preconceito com as novas produções
para as crianças JAPONESAS e aceitem o rumo que as mesmas estão tomando. Se
vocês NÃO querem ver produções mais “infantis”, SAIAM da “Toeiverso” e da
Tsurubaya e assistam outras formas de tokus para adultos. Sabiam que existem
muitos filmes de Kaiju Eiga (os filmes de monstros, com os de Godzilla) e os
Nippo Heroes (os filmes de Japão Feudal, como Azumi) que são ÓTIMOS tokus para
o público adulto? Então... olhem uma nova oportunidade de expandir seu
conhecimento no universo tokusatsu com Kaiju Eiga e Nippo Heroes. Vocês vão
gostar! Tenho certeza... the search continues.... :D
P.S: Ainda recebi a missão de escrever mais matérias até arrumarmos um novo encoder. Já temos alguns episódios traduzidos. Só falta o bendito de um encoder. Até lá, serei usado como bode expiatório. Podem me xingar a vontade. Eu deixo. XDD
Mano que texto maravilhoso, não dava vontade de parar de ler, muito bem colocado cada assunto parabéns mano, e sempre nos presenteie com ótimas colocações, assim quem sabe não muda a forma que muitos cabeças duras, veem o mundo, ele é para todos e não só para meia duzia. Antonioks\Spielvan
ResponderExcluirTexto maravilhoso, Pato! Só discordo da parte dos heróis certinhos e egocêntricos e talz. Pra mim eles são tão bons quanto os outros. E até me irrito com heróis que apanham direto como o Ryoutaro/Den-O, por isso adoro heróis como o Tendou/Kabuto (mesmo que digam que ele ñ têm desenvolvimento nenhum, mas sempre gostei de heróis bem fodôes). Concordo que heróis que têm suas falhas e tudo mais agradam mais, mas os que não possuem quase nenhuma falha também têm seus valores, pois eles também têm o que aprender. Heróis como o Tendou têm seu desenvolvimento também, mesmo que não seja em poder, já que ele já é apelão, mas têm seu desenvolvimento no caráter, como ser humano.
ResponderExcluirPS: Eu sou o Flávio lá no Face. :P
Eu sei quem é tu, Flávio... tudo bem discordar.... tu és livre... atentou-se para o grifo "PARA MIM" no texto onde fala dos heróis ideais??? XDD
ExcluirP.S: Como vai a Luxúria do senhor?? XDDD
Parabéns! É MUITO bom saber que existem fãs com lucidez e que não compartilham a visão ultrapassada, preconceituosa e até mesmo egoísta da galera que esta na casa dos 30 e muitos anos. Uma galera que parou no tempo, que não enxerga o backend da coisa toda da indústria.
ResponderExcluirDiscordo de algumas coisas. Querer que alguem aceite as produções como está agora não é certo pois cada um tem sua preferencia assim como as crianças japonesas. E sim os tokus da decada de 80/começo de 90 eram sim um pouco mais serios o que nao quer dizer que nao fosse voltado para o publico infanto-juvenil, mas é sim notoria a diferença para os atuais, e nisso entra tambem o perfil dos atores. Antes se tinha um ator do naipe de Junichi Haruta pra atuar nas franquias, e isso não é visto atualmente. As coisas mudam para pior ou para melhor. O caso dos efeitos especiais é notorio. Durante um tempo eram maquetes explodindo e explosivos cenograficos e atualmente é um CGI sem vergonha pouco elaborado.
ResponderExcluirEm tempo, demonizar ambos os grupos tanto saudosistas e dos futuristas nao leva a nada. Dizer que "esquece o que passou pq ja passou aceeita os novos que doi menos" não melhora nada. Acho que cada um deve assistir aquilo que cabe na sua prefencia independente de ser mais novo ou não. Eu por exemplo nao assisto mais Kamen Rider porque o rumo que a franquia tomou nao me agrada, mas quando aparecer uma que sim eu assisto sem problema.
As coisas mudamquem gosta aplaude ta no seu direito, quem nao gosta corneta ta no seu direto tambem.
Belo artigo
ResponderExcluirparabéns
Geração Mimimi geriátrica está um saco
Acho que de todos esses pontos o que me deixa mais incomodado é o fato do pessoal ficar irritado com os heróis meio andrógenos. Falando da opção sexual deles (que sequer é confirmada durante a série na maior parte dos casos) como forma de xingamento!
ResponderExcluirTome como exemplo o próprio Alata, que é um Red sensacional que por mim é infinitamente MELHOR do que o Red Falcon de Liveman (assim como muitos Reds daquela época), que é um cara mais passional mas que sabe agir como líder e MOSTRA que age como um, não só gritando "Não vou te perdoar", como vários Reds oitentistas, mas que é rechaçado por várias pessoas só porque ele é um "rostinho bonito/andrógeno". Tudo bem que o roteiro da série não é lá aquelas coisas que poderia ter sido, mas ele é um ótimo Red. O mesmo com o Right de ToQger ou o Red Buster de Go Busters.
Pode parecer que não gosto de séries oitentistas, na verdade até gosto, só acho elas superestimadas demais.
só li verdades ai
ExcluirQuanto a esses heróis de aparência andrógina (pelo menos alguns deles, como o caso do Shun em Cavaleiros do Zodíaco e o Kenshin em Samurai X), a impressão que tenho é que os japas gostam de trabalhar com a idéia das aparências que engana os olhos. Creio que eu muitas vezes eles fazem isso para o espectador bater o olho e pensar que o cara é um porcaria, mas na hora do vamos ver a coisa não é bem assim.
ResponderExcluirO caso do andrógeno é para facilitar o "espelhamento" do público em seu personagem. Algo ligado à identificação do telespectador aos personagens. Isso é muito comum em animes, mas se não usado da maneira certa acaba por criar somente um personagem com pouca carisma a fim de que o telespectador se identifique.
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